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A Minha Rádio Podcast: Cowboy Cantor

domingo, março 05, 2006

Oscars E Outras Adaptações Estranhas

Em fim-de-semana de entrega de Oscars, presto a minha homenagem a quem paga os tradutores para adaptar os nomes dos filmes estrangeiros para português. Não deve ser fácil aturar pessoas que se perdem em traduções, de tal forma que se lembrem de um nome como “O Amor É Um Lugar Estranho”.
Dos clássicos, aos mais recentes, dos mais conhecidos, aos mais alternativos, toda a história do cinema em Portugal é feita de adaptações muito estranhas.
Em primeiro lugar não percebo porque é que se tem de adaptar os nomes de filmes. Quando muito fazia-se uma tradução à letra. No entanto continuo a não perceber o sentido das traduções dos nomes de filmes. Os nomes dos filmes não são mais do que nomes próprios. Mas pior do que traduzir, ou adaptar os nomes de filmes, são as inúmeras vezes que se ouve os nomes em português, sem nunca se perceber qual o nome original. Por mais estranha que seja a adaptação do nome original, há sempre quem insista em se referir ao filme usando a adaptação em português.
Só espero que as pessoas tenham a consciência que quando se diz “Grande Peixe”, estamos a dizer o título adaptado para português, e não o nome do filme.
Segue abaixo uma lista de filmes com as respectivas adaptações para português. Há coisas aqui muito estranhas mesmo, por isso leiam com atenção.
Comecemos pelos clássicos: “SINGING IN THE RAIN”, em português é “Serenata à Chuva”. Nada de muito estranho, mas não deixa de ser um título fácil de traduzir, por isso não vejo a razão de não haver uma tradução à letra. “MY FAIR LADY” em português torna-se quase ridículo “Minha Bela Lady”. Será que alguém no seu perfeito juízo iria chamar a sua amada de “bela lady”? Quando muito eu diria “a minha bela fema”. Quase sem palavras ficámos ao saber que “WEST SIDE STORY” é “Amor Sem Barreiras”. E o que dizer de “HIGH NOON” quando ouvimos falar em “O Comboio Apitou Três Vezes?”. Muito estranho é também a adaptação de “LA CIOCIARA”. Sophia Loren de “ciociara” passou a “Duas Mulheres”. Resta apenas dizer que “ciociara” é o equivalente a saloia lá para os lados da região de Lazio, em Roma. Por falar em Itália, há um filme conhecido pelo seu nome em italiano, que no entanto o título original é em inglês. Estou a falar de “THE GOD, THE BAD AND THE UGLY”, que em italiano se tornou “IL BUONO, IL BRUTTO E IL CATTIVO”, sendo que “brutto” é feio, e “cattivo” é mau. Apenas uma troca na ordem de apresentação das personagens. Em português a coisa piora. O título “O Bom, o Mau e o Vilão” acaba por tirar o sentido original do nome do filme. “LA NUIT AMÉRICANE” (técnica de filmar com filtro para parecer noite), em Ponta Delgada era anunciado como “O Cinema, O Amor e o Sexo- O Sexo e o Amor no Cinema”. Diz quem foi ver o filme que se tratava de uma história sobre as peripécias de rodar um filme, indo contra todas as desvantagens de filmar uma actriz bêbeda, ou ter de acabar o filme com um duplo, porque o actor principal morrera entretanto num acidente de viação.
Avencemos para os anos 80 e 90. Começo pela lamechice que é a introdução de sub-títulos aos filmes românticos. Patrick Swayze que pensava que era apenas “GHOST”, em Portugal vê o seu papel reforçado com “Ghost, O Espírito do Amor”. Julia Roberts depois de ser “PRETTY WOMAN”, acabaria por se tornar “Uma Mulher de Sonho”. Não é muito mentira, mas na realidade, acho muito forçada esta adaptação. Continuando em filmes de carácter romântico, temos o sensacional “LOST IN TRANSLATION”, que ficou como “O Amor É Um Lugar Estranho”. Perfeito! Nem o realizador mais criativo se lembraria de dar um nome destes a um filme seu, quanto mais fazer deste titulo um título de adaptação. Amélie Poulin em título anglo-saxónico é “Amelie From Montmartre”, sem acento nem nada, porque aquela gente não respeita a restante comunidade mundial. Resta dizer que “O Fabuloso Destino de Amélie Poulin” é a tradução à letra do título original “LE FABULEUX DÉSTIN D’AMÉLIE POULIN”. Continuando com a mesma actriz, Audrey Tautou, um filme não muito conhecido “DIRTY LITTLE THINGS”, tornou-se “Estranhos de Passagem”. Voltando a França, temos “LES TRIPLETTES DE BELLEVILLE”, que se tornou “Belleville Rendez-vous”.
Tim Burton e a sua mente brilhante não escapam à fúria dos tradutores portugueses. “SLEEPY HALLOW” é nada mais, nada menos do que “A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça”. E outra mais recente, é a estranha tradução de “TIM BURTON’S CORPUS BRIDE”. Seria tão simples traduzir, bastava perceber um pouco inglês. A verdade é que alguém se lembrou de dizer que o filme seria “De Tim Bortun A Noiva Cadáver”.
Na vertente humorística temos “EAST SIDE, WEST SIDE”, que tornou-se “Tradição é Tradição”, e ainda uma nota para “ME, MYSELF AND IRENE”, “Eu, Ela e o Outro”.
Antes de passar ao cinema de animação infantil, apenas dois filmes com sub-títulos. No primeiro caso até se pode compreender o sub-título, pois acaba por chamar atenção para o filme. “IL POSTINO” ficou em “O Carteiro de Pablo Neruda”. No segundo caso, a coisa tornou-se estranha e desnecessária. “TRAFFIC”, em português tem o sub-título de “Ninguém Sai Ileso”. Até parece que estamos perante um filme do Rambo, ou coisa parecida.
Na animação infantil temos linda traduções, tais como “BROTHER BEAR”, “Kenay e Koda”, “TOY STORY”, “Os Rivais”, e ainda a estranhíssima adaptação de “THE INCREDIBLES” para “Os Super-heróis”.

NOTA: a sétima emissão do Cowboy Cantor também vai fazer uma homenagem às traduções de títulos de filmes. Vou dizer todos os nomes dos artistas e dos temas da emissão em português.

1 comentário:

Anónimo disse...

Atravês deste texto revelas um sentido de humor muito refinado e subtil sinónimo de grande inteligência. Concordo plenamente com o que aqui escreves...pena é que os responsáveis pelas traduções não visitem o teu blog.Até breve