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A Minha Rádio Podcast: Cowboy Cantor

sábado, dezembro 30, 2006

Vida

Hoje tenho vergonha da minha condição de ser humano.
Acabei de tocar em mais uma missa, como é habitual aos Sábados na Maia. Costuma-se dizer que quem toca para Deus, reza duas vezes. Talvez eu tenha rezado mais do que duas vezes durante a celebração. Sou cristão praticante, porque vou, e gosto de ir à missa. Tenho as minhas crenças e as minhas dúvidas. Acredito no amor, mas sobretudo na vida. Sobretudo na vida, e hoje é essa a palavra que mais me passa pela cabeça: VIDA.
Lembro-me de um colega meu de sala que, com 10 anos, escreveu no seu caderno numa Sexta-feira, mesmo antes de acabar as aulas “As palavras que mais gosto são PAI, MÃE e VIDA”. O Fernando até ao Domingo seguinte não deve ter pegado novamente no caderno, nem no lápis, uma vez que nesse fim-de-semana não havia trabalhos de casa. Foi pescar, e ao tentar salvar o cão que caira ao mar, acabou por desaparecer por entre as ondas.
VIDA deve mesmo ter sido a última palavra que aquele rapaz escreveu.
Tenho vergonha de pertencer à mesma condição humana que o Júnior americano, armado em cowboy. Não tenho vergonha do meu Deus, nem do meu Livro Sagrado, mas tenho vergonha de ter o mesmo Deus e o mesmo Livro Sagrado que os aliados do tal americano. Tenho vergonha de ser tão homem quanto o George, o Tony, o Vladimir, e José Eduardo, o Augusto, o Adolph, o Saddam, o Osama.
Sou tão homem quanto esta gente toda. Tenho o direito às minhas crenças, tal como eles, mas há uma diferença: acredito na Vida.

terça-feira, dezembro 12, 2006

Pergunta e Resposta

Era para eu perguntar “qual Ministra da Educação ou Secretário Regional da Educação me vai pagar as 4 horas que passei a corrigir testes e fazer avaliações finais de período”. Também ia perguntar “qual Ministra da Educação ou Secretário Regional da Educação me vai pagar as horas que vou ficar fechado na escola em reuniões de conselhos de avaliação”. Antes que alguém venha protestar contra os professores, eu mesmo me acuso: Quem me vai pagar todas as horas em que estou a trabalhar para a escola, mas sem ser a dar aulas, vai ser a mesma pessoa que me vai pôr em casa do dia 19 de Dezembro até ao dia 2 de Janeiro de 2007.
Valha-nos isso.

sábado, dezembro 09, 2006

Serei Esquerdista?

A propósito da última capa da revista Visão, em que aparece a primeira dama da nação valente, estive a pensar se serei realemente esquerdista.
Olhei para todo o meu passado, presente, estive ainda a olhar para o futuro e cheguei à conclusão que para perceber se sou realmente esquerdista é uma confusão.
Começando pelas origens, os meus pais nunca me impuseram preferências, sendo que sempre me lembro de ouví-los dizer “Quando chegar à altura de escolheres, escolhe o melhor para ti”. Então eu escolhi.
Escolhi comer a sopa usando a mão esquerda. Escolhi escrever com a mão esquerda. Escolhi tocar qualquer instrumento à direita. Escolhi jogar andebol com a mão direita, ténis e badminton com a mão esquerda. Escolhi servir com a esquerda por baixo em voleibol, e com a direita por cima. Escolhi atacar à esquerda no baseball, e defender à direita. Escolhi defender à esquerda no futebol, e atacar à direita. Escolhi rematar com o pé que tenho mais à mão.
Escolhi usar a esquerda quando me dá jeito, e ser destro quando a esquerda não dá.

terça-feira, dezembro 05, 2006

Lamentável

Desculpa Danialice. Desculpa por lamentavelmente não me ter lembrado, nem assinalado o teu 2º aniversário (2 de Dezembro). Desculpem todos os outros habituais leitores que ainda insistem em passar por cá.
Desculpa, principalmente, Manuel Estrada (um grande amigo, são 190 e tal centímetros de amizade), por não ter feito nada para assinalar este segundo aniversário. Concordo plenamente que esta data seja tão comemorada como o segundo aniversário da minha Marta (não és tu, ó Cinderela Maria, é a minha sobrinha). É que de facto aos dois anos a Marta já vai conseguir soprar as velas do seu bolo.
Eis as razões: tenho andado a tratar mal este espaço, e ou Cowboy Cantor. Mas, das 8:30 às 16:00 sou professor de gente domesticada, e gente salvagem, que é capaz de mandar um professor apanhar sombra debaixo do carvalho, e ainda chamar para a discussão a mãe de alguma professora. Às 16:15 (já com 15 minutos da atraso) começo a treinar os meus fantásticos atletas do Clube Desportivo Escolar da Maia (C.D.E.M.), os quais, por puro prazer e sem promessas de dinheiro quando forem mais velhos, todas as Segundas e Quintas aplicam-se nos treinos, para nos fins-de-semana irem ao Nordeste, a Ponta Delgada, à Ribeira Grande, seja onde for, buscar medalhas e taças. Às Terças e Quartas e Sextas é a minha vez de ser treinado: badminton.
Depois ainda é preciso arranjar tempo para preparar as aulas normais (para turmas que querem aprender), as anormais (não me posso esquecer do “Livro de San Michele” para o caso de algum aluno me mandar para o carvalho), preparar os testes (mas quem me manda a mim ter que seguir as indicações de avaliação dadas pelos superiores Secretário e Ministra), corrigir os trabalhos-de-casa (que tão surpreendentemente, por se chamarem trabalhos-de-casa, faz-se em casa), corrigir os testes, ficar a par das novidades musicais, e mais importante de tudo, é sempre um quebra-cabeças arranjar um tempo para um telefonema ou outro, para que a Vitória se lembre do refrão do grande êxito do Stevie Wonder.
Não espero que me desculpem, quem está interessado nas minhas publicações do Danialice e do Cowboy Cantor, mas pelo menos confessei-me.