Caros leitores, caros amigos, caros camaradas, sejam lá quem forem vocês que estão a ler este texto:
Sabem o que vai acontecer com o tão proclamado fantástico processo de Bolonha?
Uma das coisas vai ser que um aluno que tenha começado a sua licenciatura há três anos, ainda sem o processo de Bolonha, no próximo ano lectivo tem de completar o curso. Ou seja, ter cadeiras pedagógicas, e dar algumas aulas. Isto porque daqui a dois anos, nenhum aluno de um curso via ensino poderá estar matriculado num curso que não esteja abrangido pelo processo de Bolonha.
Ou seja, um curso cujo plano de estudos estava programado para cinco anos, chega a meio, e afinal já não tem os cinco, mas apenas quatro. Quem já está no quarto ano, para o ano que vem, vai fazer estágio com os alunos que estão este ano no terceiro. Daqui a dois anos, vão sair da universidade milhares de professores, dos quais metade tiveram cinco anos de curso, e a outra metade teve apenas quatro. Mas não há problema, todos eles estão em igualdade de circunstância. Pelo menos é o que a lei diz.
E mais, de todos estes milhares de professores que vão sair à pressão, alguns têm a vida condenada:
Muitos estão a tirar o curso de Geografia via ensino, no entanto uma mente brilhante lembrou-se que a partir do próximo ano lectivo vai deixar de haver a disciplina de Geografia, e a da História, para passar a haver a disciplina de História e Geografia. Cunfusos? Eu também.
Acabei de falar com a Vitória, que está de rastos, tal como todos os seus colegas de curso. Neste momento os alunos de Geografia da Faculdade de Letras de Lisboa estão a planificar aulas, porque têm uma cadeira em que é preciso planificar um ano inteiro de aulas. Mas se vai deixar de haver a disciplina de Goegrafia, porque raio estão estes futuros licenciados a planificar aulas da disciplina?
Parabéns Maria de Lurdes, perdeste os professores, ganhaste a população, e agora perdes um apoiante. Não vou deixar de ser militante, nem que seja por respeito a quem me ensinou a ser socialista. Apenas quero deixr claro, se é que ainda não perceberam, que desapoio a minha ministra da educação.
São muitas e sucessivas faltas de respeito para com os professores e a função pública em geral.
Enquanto em Espanha agradece-se aos professores pelo que fizeram pelo país, em Portugal, a ministra agradece à população por estar ao lado dela nas atitudes que cada vez mais tornam o ensino uma farsa, e a profissão de professor um castigo por não termos nascido com vocação para outra profissão qualquer.