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domingo, fevereiro 10, 2008

O Teatro Micaelense Transformou-se Num Templo

Se Beethoven foi um Deus, e foi com certeza, toda a sua obra seria o que os Cristãos chamam Bíblia, ou os Muçulmanos o Alcorão.
Quem divulga as palavras da Bíblia são os profetas. Quem segue as palavras de Deus são os discípulos.
As palavras de ontem de Alexandre Delgado, que antecederam a apresentação de 1ª e 2ª Sinfonia de Beethoven em piano, no Teatro Micaelense, soaram como se um discípulo de Beethoven tivesse subido ao palco para transmitir as suas palavras. Neste caso, as notas que Beethoven ordenou para uma orquestra sinfónica, e que foram adaptadas para piano a quatro mãos por Alfredo Casella. Quando António Rosado e Alexei Eremine começaram a tocar o primeiro andamento da 1ª Sinfonia, percebi uma coisa: se Alexandre Delgado era um discípulo, os dois pianistas seriam certamente profetas.
O que os dois pianistas demonstraram foi que a música de Beethoven não precisa de grandes orquestras para encher a alma. A música de Beethoven vale por si mesma. As mudanças radicais de intensidade, de tonalidade, de ritmo. Melodias principais nos graves, os agudos que sobem aflitivamente, quase como quem grita “agarrem-me, se não caio, ou então dêem-me mais escala no instrumento”. Tudo isto vale por si. Porque Beethoven era, sempre será um Deus da música.
A grande diferença entre Beethoven, e outros mestres nas sinfonias, Haydn e Mozart, era que Beethoven não era tão produtivo. Daí que as suas sinfonias sejam obras muito mais trabalhadas.
Voltemos à noite de ontem.
Alexandre Delgado disse que o segundo andamento da 2ª Sinfonia era o momento mais belo de toda a música de Beethoven. Talvez sim. Talvez não. Ao piano, parece realmente que este segundo andamento é um dos melhores momentos de Beethoven. No entanto, o quarto andamento da 5ª Sinfonia é para mim o melhor momento de toda a música de Beethoven, sendo que a 5ª Sinfonia é para mim a obra mais bela que alguma vez se compôs.
Se Beethoven era um Deus, Alexandre Delgado um discípulo, e António Rosado e Alexei Eremine profetas, então ontem à noite o Teatro Micaelense foi o templo de adoração ao maior Deus de toda a história da Música.

nota: esta é a minha forma séria de analisar o concerto de ontem. Aqui, as coisas são analisadas de forma um pouco diferente.

5 comentários:

Anónimo disse...

É bom que a música clássica não caia no esquecimento, numa época em que o mau gosto impera e que venha de vez em quando à superfície para refrescar e tonificar os que gozam de sensibilidade,ouvido e harmonia,elementos cada vez mais raros nos dias de hoje em que a «harmonia musical» reinante não é senão a sinfonia do(s) motor(es).

Anónimo disse...

Para a Dica
Esqueci-me de lembrar que a Mãe teve papel pelo menos tão importante quanto o meu, provavelmente mais ainda, no gosto musical do Rodrigo. Ele já nem se lembra, mas Maria Alice fazia-o (ou tentava...) adormecer ao som de Mozart e outros que tal. Claro que o Beethoven não servia para isso, a não ser em algumas das sonatas, nos movimentos em adagio ou algo assim.
Rodrigo
Subscrevo o que disseste.

Anónimo disse...

E de Vivaldi?É bom para adormecer...

Anónimo disse...

Ainda hoje é um dos seus (nossos) preferidos.

Anónimo disse...

A sério?!É que para mim também.