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A Minha Rádio Podcast: Cowboy Cantor

terça-feira, abril 15, 2008

Gosto Do Que É Meu. Não Acredito No Acordo

Gosto do que é meu, valorizo o que é dos outros. Se tenho, não tiro a ninguém. Mas também não gosto que mo venham tirar.
Se preciso de algo para me entender com outra pessoa, e esta pessoa também o tem, mesmo que seja com algumas diferenças, e mesmo assim nos entendemos, nunca irei pedir à outra pessoa que mude o que tem, nem vou admitir que esta pessoa me peça para mudar.
Há uns tempos fiz um cântico para o meu coro de igreja na Maia, o Grupo Coral Renovar. O cântico incluía duas partes: na primeira parte cantava-se a paz de Cristo, na segunda parte cantava-se o Cordeiro de Deus.
A primeira parte tinha uma sequência em que a tónica era o Dó maior, a segunda parte tinha a tónica em Dó menor (influências directas de Beethoven, mas ao contrário).
A organista do coro achou muito estranho e difícil a passagem para Dó menor, e então decidiu começar a ensaiar a segunda parte em Lá menor, mantendo o Dó maior da primeira parte. Para além de o efeito causado não ser o mesmo, a composição original estava a ser modificada.
Não regateei, não me chateei, não fiz amuos. Reuni-me com a Cristina, e expliquei porque é que queria que fosse Dó maior na primeira parte, e de Dó menor na segunda.
Expliquei o significado das alterações de tonalidade. Expliquei que nem sempre toda a música tem de começar numa tónica e acabar na mesma tónica.
Expliquei, e ela compreendeu. Ou melhor, ensinei e ela aprendeu.
Falta a Portugal, primeiro que tudo, valorizar a nossa cultura linguística. Depois, falta compreendê-la. Por último, falta ensiná-la.
Falta banir da nossa língua estrangeirismos, porque, por uma questão de comodismo, não se usam as palavras portuguesas que representam o mesmo que as inglesas. Falta valorizar, compreender e aceitar no contexto de cada país lusófono as variações.
Não acredito na uniformização da língua portuguesa, como não acredito no novo acordo ortográfico. Gosto demasiado da forma como escrevo para acreditar.

3 comentários:

Anónimo disse...

Texto bem imaginado e convidativo da atenção do leitor.Quando li o título, pensava que ias falar do acordo entre os sindicatos e a nossa ministra da(des)educação.Mas não. Fui lendo sempre curiosa, a ver no que dava,e deu muito bem.
Parabéns ao "filho de peixe..."
Ah!E também não gosto que me tirem aquilo que é meu.

Rodrigo de Sá disse...

Filho de peixe... neste caso digo: Filho de peixe gosta de nadar. E gosta de nadar no seu mar.

Daniel de Sá disse...

Mas cá aparecem uns senhores a invocar o argumento de autoridade, como o Fernando Cristóvão. Eles é que sabem, porque são linguistas, a gente que se cale. Pois se eles são linguistas eu sou linguarudo, usufruário desta língua. E também há sábios da língua que estão do lado dos teimosos como nós