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A Minha Rádio Podcast: Cowboy Cantor

domingo, maio 11, 2008

A Última Sinfonia

Um jogador com as características atléticas, desportistas e humanas do Rui Costa não merece outro sentimento que não a admiração.
Não tenho inveja de o Rui Costa nunca ter jogado no Sporting, porque inveja é um sentimento feio. Não tenho pena de o Rui Costa nunca ter jogado no Sporting, porque seria egoísmo da minha parte querer que tivesse jogado no Sporting, em vez de outro clube qualquer.
Tenho orgulho de ter acompanhado a carreira do melhor médio-centro do futebol português desde que nasci. Mais orgulho tenho em dizer que já o vi jogar ao vivo. Foi num Portugal-Chipre, do apuramento para o Mundial 2002. Portugal ganhou por 6-0, dois golos a cada: Pauleta, Pedro Barbosa e João Pinto (na altura já jogador do Sporting). O jogo foi no estádio Alvalade. Que mais queria eu ter pedido. A bancada superior sul, maioritariamente preenchida por sócios do Sporting, não hesitou em aplaudir de pé a primeira vez que Rui Costa se aproximou da linha lateral para bater um pontapé de canto.
A primeira imagem que tenho do Rui Costa, foi o desempate por remates da marca de grande penalidade na final do mundial Sub21 de 91, no Estádio da Luz. Jogo contra o Brasil. O remate decisivo foi do Rui Costa. Na altura, tal como muitos portugueses, saltei de alegria.
Hoje, com um olho no prato e outro a tentar olhar 180º para trás, coisa que requer uma grande perícia, que só o Rui Costa poderia tentar fazer, lá fui jantando e acompanhando o Sporting-Boavista. De repente, uma agitação no som que saía do rádio. Não era golo, não era cartão vermelho, não era grande penalidade...
Tal como muitos portugueses, fiquei bloqueado em pé, enquanto seguia as imagens que eram transmitidas a partir do Estádio da Luz. Tal como muitos portugueses, emocionei-me. Senti um arrepio a percorrer todo o meu corpo. Era a última sinfonia do Maestro.

10 comentários:

Anónimo disse...

Bela homenagem, Rodrigo, a um grande senhor. Ainda um dia destes referi aquilo que já me tens ouvido dizer, que o Rui Costa sempre pertenceu àquela espécie de jogadores a quem dá gosto ganhar mas que a gente não gosta de ver derrotados.

MaesDoc disse...

Fiquei deveras sensibilizado por esta bonita sinfonia que dedicaste ao maestro.
Só me resta acrescentar três outros momentos que também me marcaram por motivos bem diversos. O primeiro e talvez o mais sublime, o primeiro golo ( dos 3-o) que Portugal brindou a Irlanda no Estádio da Luz e que nos escancarou o caminho para o Europeu de 1996 de Inglaterra. Um chapéu ao guarda -redes de trinta largos metros com a bola a entrar na baliza no único sitio possivel, entre o poste e a trave no lado esquerdo do guarda -redes. O segundo num particular também na Luz com a Fiorentina em que o meu Benfica perdeu por 1-2 com o golo da vitória da autoria do Rui. Levou uma estrondosa salva de palmas que contrastou com a sua genuina tristeza e em que eu me atrevi a gritar" vai mas é para a tua terra, malandro". Por último um momento mais triste, ou menos feliz, quando ele cabisbaixo foi injustamente expulso na Alemanha quando estava a sair lentamente para ser substituido. Acabámos por empatar o jogo e fomos afastados do mundial na França.
Aguardo, com alguma ansiedade confesso, que ele possa continuar a ser grande na sua próxima tarefa.
Abraço

Manel

Rodrigo de Sá disse...

Também me lembros destes momentos todos. Até me lembro do primeiro golo que ele marcou pelo Benfica também. Só estamos em situação diferente no que diz respeito ao golo marcado contra o Benfica. Não reagi dessa forma. O que eu disse foi:
- Bem feita!
Quanto ao jogo contra a Alemanha, o árbitro era o Marc Batta, e foi o jogo em que o Pedro Barbosa marcou, segundo o próprio, um dos melhores golos da sua carreira.
O Rui Costa pouco antes de ser expulso, deitou o guarda-redes no chão, e a atirou ao poste. Foi muito azar nesse dia.

MaesDoc disse...

Soberbo golo esse do "calão" do Pedro Barbosa que fizeste bem em recordar, Rodrigo. São estes momentos que nos fazem continuar presos a este desporto duma forma por vezes incompreensivelmente apaixonada.
Como prova do que digo deixo aqui estas duas verdadeiras pérolas que nos deixaram decerto empatados nos sentimentos mas acima de tudo agradecidos pelo espectáculo presenciado.

http://memoriagloriosa.blogspot.com/2007/10/sporting-3-benfica-6-de-1994.html

http://br.youtube.com/watch?v=OBNjs8I5bM8

Abraço

Manel

Anónimo disse...

Manel, a um sportinguista nunca se fala desses números. É que, para nós, o número da besta não é o 666, é o tal...
Queres que eu me vingue com uma recordaçõezinhas chatas, queres?
Vai com um forte abraço, é óbvio.

MaesDoc disse...

Eu sei Daniel que estás perdidinho para me falares dos quatro golos do Lourenço na Luz, quase todos metidos na mesma baliza onde o Damas encaixou os quatro do Eusébio. Mas uma coisa te digo meu amigo, valem muito mais os quatro do pantera negra, não só porque os conseguiu frente a um dos melhores guarda redes do mundo, mas porque os do despercebido magriço foram conseguidos perante o mais pequeno guarda redes que pisou relvados portugueses.
E obviamente que retribuo o forte e amistoso abraço.
Manel

Anónimo disse...

Desses quatro golos do Eusébio, pelo menos uns cinco foram marcados de livres que o árbitro inventou para o Silva Ferreira igualar o Lourenço e o Peyroteo.

MaesDoc disse...

Os joelhos do Senhor Silva Ferreira, o Rei de Mafalala, falam por si e por essas invenções. Eu "estive" nesse jogo e que me lembre só houve um golo de livre, bem assinalado de resto e mesmo esse com uma história que nunca mais me esquecerei. Livre indirecto dentro da área, Damas à frente da barreira. A bola saiu com tanta ou tal força dos pés daquele que foi "sportinguista" em Lourenço Marques, que ao bater no ferro do fundo da baliza ressalta quase com a mesma velocidade para o meio da área. O Damas que se tinha lançado e que tinha caido , ao levantar-se viu a bola por ali perto e pensando que tinha ressaltado na barreira mergulhou sobre ela, apanhou-a e nas calmas queria cointinuar a jogatana. Só quase o fiscal de linha é que se apercebeu do golo.
E já não há Estádio da Luz, nem Inferno, nem nada.

MaesDoc disse...

Daniel: Diz-me lá se não é para já ter saudades desta rapaziada?

http://br.youtube.com/watch?v=0H1TnN2Do-k

Rodrigo: Já lá "andava" o estilo, penso eu.

http://br.youtube.com/watch?v=7CM8NxyVObo

Anónimo disse...

Muitas saudades, Manel. Eles merecem. E nós sabíamos merecê-los, lá isto é verdade também.