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segunda-feira, janeiro 19, 2009

Morreu o Marinheiro Mais Conhecido de Portugal: João Aguardela (1969-2009)

(fotografia via Blitz)
- Rodrigo, eu vi nas notas de rodapé da televisão que o João Aguardela morreu. Sabes de alguma coisa?
As palavras de minha mãe caíram como um ataque fulminante aéreo, que destrói aleatoriamente tudo por onde passa. Encostei-me à cadeira, a ver o que iria acontecer a seguir. O choque agravou-se com o facto de nem sequer saber que estava doente.

Sendo esta a primeira vez que lido com a morte de um artista que está no topo dos meus preferidos, não sabia sinceramente o que iria acontecer depois de desligar o telefone. Aconteceu o que acontece a qualquer ser humano que se sente ligado a outro: chorei.

Chorei sozinho no quarto enquanto ouvia a “Vida de Marinheiro”. Desci as escadas, e anunciei:
- Maura… o Jo… João Aguardela morreu.
Subi imediatamente as escadas. Acho que a Maura não tem o direito de me ver chorar por causa disto.

Lembro-me muito bem da primeira vez que ouvi a “Vida de Marinheiro”. A sala transformou-se num imenso salão de baile com minha mãe e eu aos pulos.

Comigo tenho apenas o segundo álbum dos Sitiados “E Agora?”.
Estou a ouvir canções que fizeram a minha juventude mais feliz. E pergunto:
- E agora?
Agora espero que Portugal inteiro se lembre do João Aguardela como um dos músicos mais criativos e irreverentes da música popular portuguesa. O João Aguardela ousou misturar a música popular portuguesa com a música pop. À semelhança do que fizeram os Pogues com a música irlandesa. Foi mais longe com o seu projecto Megafone, em que misturou captações de rua de cantos populares com sons techno.

Depois de muitas horas de divertimento e riso ao ouvir os Sitiados, por agora choro mais um pouco enquanto tento publicar este texto.

4 comentários:

Anónimo disse...

Querido irmão. Penso em ti desde que soube. Estive para te ligar quando a minha colega Patrícia, que era amiga dele, nos deu a triste notícia.
Mas não quis perturbar-te as aulas, os ensaios, as outras aulas.
também estou triste, pela perda e, sobretudo, por ti, que me deste a descobrir aquela voz que nos deu tantas alegrias.

Abraço forte.
Lá em cima haverá agora muito mais alegria!
Sara

Anónimo disse...

Rodrigo
Do João o mínimo que se pode dizer é que era uma pessoa simpática, amável. Sem dúvida uma alma boa, porque só quem tem uma alma boa é capaz de ser feliz e espalhar felicidade como ele fazia.
O primeiro grande artista cuja morte se me atravessou na alma e na garganta, com aquele nó teimoso que a gente tenta empurrar e não sai do lugar, foi o João Villaret. Depois disso, já foram muitos. O Adriano, com a mesma idade do Aguardela, ou o Ary dos Santos... ou.. ai, meu Deus, aquele de quem te habituaste a gostar desde pequenino. O Zeca, pois claro. Que grande farra estarão a fazer, se acaso podem estar juntos.

Rodrigo de Sá disse...

O Zeca, pois... a grande diferença é que consigo ainda, por vontade própria, ou por dever como professor de Educação Musical, ouvir a voz do João. O nó fica sempre na garganta, mas a satisfação de ver os meus alunos muito alegres a cantar a "Vida de Marinheiro" é muito grande.

Ibel disse...

Rodrigo,

Fiquei muito comovida com o teu abrir de alma, revelando um coração nobre que não receia chorar por um artista.Filho de artista...
Não sabia desta morte,mas conheço a música.Vou já ouvi-la.
Lia