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domingo, janeiro 18, 2009

A Bandeira e a Autonomia

Não vou opinar sobre a questão da bandeira nos quartéis, porque ver ou não ver a bandeira da Região Autónoma dos Açores para mim é completamente indiferente, mas toda a celeuma causada recentemente com este assunto, dá-me vontade de assumir o assumir o que sinto em relação à bandeira dos Açores, e em relação ao seu hino.

Começando por este último, tenho ouvido várias interpretações do nosso hino regional por filarmónicas e outras orquestras não açorianas, e a verdade é que nunca ouvi nenhuma tocar o hino como as nossas filarmónicas. Falta-lhes a identidade, diriam alguns. Eu diria o mesmo, falta a convivência com este tipo de composição musical. A melodia, o ritmo e o arranjo são tipicamente de uma peça para ser tocada por uma filarmónica açoriana. Ninguém saberá tocar melhor esta peça, do que uma orquestra regional. No entanto, a única coisa que sinto quando ouço o hino é respeito. Respeito o compositor e quem criou o arranjo. Respeito acima de tudo o que o hino regional representa. Mas, não consigo de forma alguma me rever no nosso hino. Não há nada que me chame a atenção no hino.

Quanto à letra, nem preciso de falar do respeito que tenho por Natália Correia enquanto escritora, porque enquanto pessoa e deputada, não posso emitir nenhuma opinião, uma vez que apenas sei de alguns episódios ocorridos na assembleia, que diga-se, mostram que a senhora sabia o que dizia. No entanto, o poema que acompanha a letra não foi de tudo um dos momentos mais felizes da vida de Natália Correia. A letra, quase uma ode de guerra a favor do separatismo, não só não me atrai, como até me afasta do sentimento do pouco sentido regionalista que tenho. Para além disto tudo, o processo de criação da letra foi ao contrário do que se costuma fazer. Primeiro apareceu a música, e depois é que apareceu a letra. Só sei do caso de uma pessoa que sabia fazer isto bem feito. Falo de Ary dos Santos, que dava letra às melodias previamente criadas por Fernando Tordo.

Quanto à bandeira, é como a autonomia. A combinação de cores a mim transmite uma ideia de fragilidade. Falta força na nossa bandeira. Falta estética e organização na disposição dos elementos que constituem a bandeira. E por mais escuro que tornem o azul, vai faltar sempre uma coisa muito importante numa bandeira: identidade do povo que representa.

A bandeira é como a autonomia. O azul não é de forma alguma nada na nossa região, nem o nosso Céu é tipicamente azul. O branco não é a espuma do nosso Mar.

A bandeira é como a autonomia. A ave, um açor, há muito que já sabemos que é um engano, e as estrelas representam as nove ilhas formadas de pedra preta e dura, não de luz e fogo.

A bandeira é como a autonomia, pois é. É esta a bandeira que temos, e é esta autonomia que temos. Uma autonomia que nos obriga a ter na bandeira regional a identificação do país a que pertencemos.

A bandeira não é a independência.

4 comentários:

Tibério Dinis disse...

Uma posição muito semelhante à minha aqui:
http://inconcreto.blogspot.com/2008/05/hino-dos-aores.html

Rodrigo de Sá disse...

Acho que tens algumas datas mal, mas a opinião está correctíssima.
Pelo menos é o que penso.

Anónimo disse...

O hino foi feito em finais do século XIX, pelo regente de uma banda de Rabo de Peixe. Tinha uma letra que era verdadeiramente tenebrosa.
Vou ver se consigo ler o que diz o Tibério, para conferir, se puder, isso das datas.

Anónimo disse...

Rodrigo, afinal parece que o Tibério tem razão. Eu estava na Assembleia Regional nessa altura, e é mais ou menos desse tempo (que ele refere) o hino. Nós (PS) não participámos na votação porque só nos foi dito pelo Mota Amaral que ouvíssemos aquilo (uma interpretação em piano pelo bom do Teófilo Frazão), que ia ser aprovado no outro dia como hino dos Açores, mas ele não sabia quem o tinha feito, nem quando nem porquê.