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A Minha Rádio Podcast: Cowboy Cantor

domingo, dezembro 18, 2011

Little Drummer Boy (O Tamborileiro): a minha versão

Sem querer mostrar dotes artísticos, ou de produtor musical, neste ano decidi que a emissão de Natal do Cowboy Cantor seria apenas com uma canção de Natal gravada por mim. A princípio tentei fazer uma gravação simples, só guitarra e voz. Mas entusiasmei-me e até chamei uma convidada para cantar a letra em português. A Sara Cabral, não sendo profissional, nem tendo acompanhamento musical, é pessoa para vir sempre ter comigo quando preciso de uma voz feminina para algumas experiências que vou fazendo.
A inspiração para o arranjo final veio do Bolero de Ravel, da letra em português escrita por meu pai e claro, o espírito da época. E é isto que mais interessa. Ouçam e partilhem (se assim o acharem conveniente) com a certeza de que apenas quero desejar de outra forma um excelente Natal a todos os que me têm acompanhado aqui, ou no meu dia-a-dia.
Original de Katherine Kennicott Davis, eis a minha versão de Little Drummer Boy (O Tamborileiro)

quinta-feira, novembro 24, 2011

É geral

Há uns anos, talvez em 2007, no máximo princípio de 2008, uma colega minha disse que isto ainda havia de correr muita tinta, mas sobretudo algum sangue. Não estava a ser irónica, nem a fazer metáforas. Estava literalmente a falar em sangue: "Há-de correr sangue". Dizia ela.
Em princípio eu não acreditei que as coisas fossem piorar tanto. Sobretudo porque acreditava que os responsáveis pela gestão do país começassem a pensar nisto. Era um ingénuo. Eu e muita gente.
Mais tarde, ao ver o panorama, comecei a acreditar que realmente as coisas iam piorar. Mas nunca pensei em sangue. Aliás, não acreditava nisto. Violência porquê? As pessoas hão-de conversar, falar e havemos de sobreviver.
A terceira etapa passou por perceber que isto poderia realmente dar em sangue derramado. Hoje esteve quase.
Já estou na quarta etapa. Aquela fase em que deixamos de perceber ou prever uma coisa, e começamos a desejar que ela aconteça. Há-de correr sangue, há-de haver vidros partidos, carros pelo ar, focinhos desfeitos. Mas aquela gente, os senhores, os Limas, Godinhos, Sousas, Coelhos, estes gajos (porque daqui para adiante é de gajo para baixo), estão a precisar que alguém lhes faça um tratamento facial gratuito. Talvez percebam certas coisas que já lhes tentaram dizer a bem.

sexta-feira, novembro 04, 2011

A legitimação da abstenção

Eles são pagos para sentarem o rabo nas cadeiras da assembleia, recebem subsídios até para as flatulências. De muitos nunca se ouviu voz, ou sequer se viu a cara. Chegam atrasados, e saiem antes da hora, e ainda assim decidem abster-se na votação do orçamento de estado. E nós é que somos uns irresponsáveis quando nos apetece passar a tarde de Domingo em casa, ou na praia, em vez de pegar no nosso carro, gastar a nossa gasolina, comprada com o nosso dinheiro e ir votar.
Eu não sei se me vou abster nas próximas eleições. Uma coisa é certa, as próximas constituições da Assembleia da República ou Regional não vão ser à custa do meu voto. Se vier por aí adiante um partido dos koalas, ornitorrincos, ou dos pinguins, terá muito mais probabilidades de receber o meu voto, do que outro qualquer.

sábado, outubro 15, 2011

Vão Dar Um Curva

Na Islândia reduziram o parlamento, deputados e governo a pouco mais de duas dezenas de pessoas sem nenhumas ligações partidárias, com apenas objectivo de levantar o país. O ex-primeiro-ministro está em tribunal por danos ao país.
Não foram 4 meses de Passos Coelho que hipotecaram as minhas intenções de me casar, renovar a minha casa, ter filhos e muitos cães pelo quintal. Foi a ganância, arrogância e ignorância de muitos dos nossos governantes dos últimos, sei lá, 10 anos? Já não tivemos um governante que foi campeão de boxe? O que será que ele tinha dentro da cabeça? Espaço vazio (pelo menos também deve ter tirado a cana do nariz, como muito fazem).
Já tivemos governantes que apareciam mais na capa das revistas cor-de-rosa do que algumas figuras públicas de relevo. Tivemos governantes que fizeram exames ao Domingo à tarde por fax. E eu aposto que todos nós, mesmo silenciosamente já mandámos todos estes gajos para um sítio bem mais longe do que aquele ao qual uma aluna minha diz vai para a torre.

segunda-feira, outubro 10, 2011

O Lugar L

Uma das maiores satisfações de trabalhar com turmas com dificuldades de aprendizagem, é lutarmos durante um ano inteiro para que entre alguma coisa naquelas cabeças. Para que de semana para semana se lembrem do que aprenderam na aula anterior, e depois no final do ano lectivo assumem o papel de estrelas perante a escola toda, fazendo uma apresentação artística do melhor que a escola poderia alguma vez pensar ser possível por alguma outra turma qualquer.
Gosto também de captar aquelas piadas muito inocentes, mas por vezes surpreendentes. Como por exemplo uma das piores alunas que já tive a nível cognitivo, quando me pergunta:
- Professor, esse homem fazia música muito alta é porque ele era surdo?
Essa terá sido a minha melhor aula a falar da 9ª Sinfonia do tal homem surdo.
Gosto destas turmas com dificuldades por estas razões. Antigamente chamava-se má-educação, desatenção, desinteresse. Hoje chama-se dificuldades na aprendizagem, hiper-actividade, o que leva a dificuldades na concentração e atenção (muitas vezes ridiculamente escrito concentração/atenção, como se não houvessem vírgulas ou simplesmente um "e" ou "ou" que resolvesse o assunto em português).
Depois de dois anos a trabalhar só com turmas com dificuldades de aprendizagem, heis que chega o ano em que a elite do 5º me vem parar às mãos. Já não preciso de avisar os meus alunos que me enganei a fazer qualquer coisa, porque aquela muidagem dá logo o alerta:
- Professor, está a fazer mal. Não sei explicar, mas o que o professor está a fazer não é o que está a tocar no c.d.
De facto, estava distraído e aluna tinha razão. Ela não sabia explicar, pois era o primeiro ano de Educação Musical, mas a verdade é que eu estava a fazer algo de errado.
E as piadas e trocadilhos passaram de inocentes, para inteligentes e maliciosas.
Depois de muito batalhar sobre uma certa passagem melódica a ser cantada, lá consegui ter a primeira linha de alunos (por acaso só representantes do sexo feminino) a fazer correctamente o que pretendia:
- Depois não me digam que elas fazem direito só porque estão aqui sentadas à frente. Vocês não estão a fazer bem, não é porque estão sentados mais para trás. É porque simplesmente não estão a prestar atenção.
Responde-me o aluno sentado na mesa encostada à minha secretária:
- O lugar não interessa. Eu estou aqui à frente, e estou distraído.

O Cowboy Cantor continua a cantar e a conversar com as maiores estrelas da música independente em www.cowboycantor.com

O Rapaz do Cavaquinho voltou a escrever em http://orapazdocavaquinho.blogspot.com/

sábado, agosto 13, 2011

A Corja Vai Continuar a Voar

Nem é por ter sido picado pelo muito amável Anónimo que de vez em quando comenta as publicações deste espaço, mas de facto a pessoa tem razão. Não se terá passado nada no meu dia-a-dia que valha a pena ser comentado ou apresentado aqui? Desde Junho? De facto, até há muita coisa. Podia encher o peito e anunciar que fui elegido pelos meus colegas como o professor mais simpático e também o mais divertido, numa cerimónia que eu próprio apresentei na escola. Podia falar das inúmeros e muito confortantes comentários que tenho recebido em relação à minha actividade de rádio (Cowboy Cantor, O Rapaz do Cavaquinho, I Land Music, Insomnia Radio: Portugal e Insomnia Radio: Daily Dose). Mas na realidade o que me tem feito não dizer nada é o que me faz interromper as férias do Danialice.
É que eu, como não votei no dia 5 de Junho, por motivos alheios à minha vontade (perguntem à SATA como é que não conseguiu que eu saísse das Flores às 10 manhã e chegasse a tempo de votar em São Miguel), não tenho muita voz para falar. Pois então, convido todos os que votaram neste governo, no governo anterior e os que vão votar no próximo governo, que falem.
Principalmente, peço aos que gritaram e rejubilaram de alegria no dia 5 de Junho que falem. Peço àqueles que disseram, e foram estas as palavras que ouvi, "O Passos Coelho consegue pôr isto melhor", que falem.
Se acho que um governo liderado por José Sócrates iria conseguir encarreirar esta nação portuguesa para um bom caminho? Como diria à moda antiga, 'tá asno.
Mais uma vez, 'tá asno. Vítor Gaspar, 'tá asno.
Coelhinho se eu fosse como tu, virava-me de costas e levava com a Troika no, Coelhinho se eu fosse como tu, virava-me de costas e levava com a Troika no, Coelhinho se eu fosse como tu...

segunda-feira, junho 27, 2011

A Corja Continua a Voar

7. O Expresso sabe, também, que em casos muito excepcionais, há notícias que mereciam ser publicadas em lugar de destaque, mas que não devem ser referidas, não por auto-censura ou censura interna, mas porque a sua divulgação seria eventualmente nociva ao interesse nacional. O jornal reserva-se, como é óbvio, o direito de definir, caso a caso, a aplicação deste critério. (in Estatuto Editorial)

A corja continua a voar. Os chulos, a corrupção e nojeira política continuam por aí. A tourada que Fernando Tordo cantou, musicando o poema de Ary dos Santos, continua a acontecer na maior praça de touros de Portugal: os 92 090 km2 de terra continental e insular a que chamam de República Portuguesa.
Mas nós vamos ficar é preocupados com o facto de o senhor deputado viajar ou não em classe económica, na companhia que voa com a bandeira do país. Vamos ficar a contar quantas vezes o senhor deputado se desloca no carro oficial, conduzido pelo motorista pré-pago para exercer funções todo o ano, independentemente de ser feriado, fim-de-semana, ou 3 da manhã.

quarta-feira, junho 08, 2011

Indecências gráficas

Há algum tempo escrevi aqui neste espaço que não sabia quando, ou se voltaria a falar do acordo ortográfico. A verdade é que as coisas estão a chegar a um ponto tal que, para além de continuar a achar que muito feia a nova grafia, já começa a ser indecente a utilização daquilo a que chamam a Língua Portuguesa Universal Escrita.
Ora, universal nunca vai ser enquanto no Brasil se chamar o bombeiro para desentupir canos, e este tiver de vir de corona no ónibus.
Ao longo deste ano lectivo fui-me deparando com uma dificuldade que foi meter na cabeça dos meus alunos qual a diferença na letra E em palavras como quarteto e arquitecto. Mas também, depois da futura ex-ministra da educação, a pedo-escritora Isabel Alçada, ter dito que os professores não deveriam estar sistematicamente a corrigir os erros de oralidade dos alunos, porque estes erros fazem parte da vivência e cultura de cada criança, não vejo sinceramente por que razão me hei-de preocupar com a correcta pronunciação das palavras. É o que digo, viro-me para o inglês, francês e talvez venha a aprender alemão e uma língua qualquer eslava.
A indecência do acordo ortográfico atinge limites insuportáveis quando órgãos de comunicação social, supostamente de referência e respeitáveis, aplicam desnorteadamente a nova grafia da língua portuguesa. Percebam uma coisa: palavras como sector ou contacto não perdem o C, pela simples razão de que em sector e em contacto a letra C é pronunciada, por mais leve que seja, mas é pronunciada e audível.

domingo, maio 08, 2011

A Greve e os Agiotas Internacionais

Não sei os números da adesão à greve da função pública na última Sexta-feira, 6 de Maio, mas sei as razões que levaram a que os sindicatos a convocassem. Na declaração de greve pedia-se aos trabalhadores que fizessem greve para que as coisas mudem a partir do dia 5 de Junho.
Este greve pareceu-me completamente despropositada. Não era de facto o momento para esta greve (eh lá, alguém em Portugal ainda sabe o que quer dizer melhor momento, ou ainda não se fartaram de usar expressões inglesas para definir o tempo?). A data da greve pareceu-me mesmo desajustada, tendo em conta que temos à frente do país um governo demissionário. Estamos a protestar contra quem? É para mudar alguma coisa a partir de 5 de Junho? Então mudem. Votem noutro partido que não esteja a ocupar o governo neste momento. É preciso marcar uma greve a um mês de eleições para dizer que estamos mal e queremos mudar? Se queremos mudar, mudemos. Para isto vamos ter o 5 de Junho de 2011.
Entretanto, ouvi de deputado do Partido Socialista o apelo a que os agiotas do Fundo Monetário Internacional não cometessem em Portugal os erros que cometeram na Grécia e na Irlanda. Soou-me tão ridículo este pedido. Então quem vem estudar a situação de Portugal em alguns dias é que tem que ter cuidado e aprender com os erros? E o que dizer de quem andou 6 anos à frente do país? Será que aprenderam? Quiseram aprender?

sexta-feira, abril 01, 2011

Inglês vai ser língua oficial de Portugal em 2015

O título deste artigo não é uma sugestão, não é um pedido, nem nada que se pareça. É simplesmente uma das novas propostas do Ministério da Educação, a qual foi aceite pelo governo demissionário de Portugal.
Há dias houve uma sessão de trabalhos da Assembleia da República em que foram aprovados alguns diplomas relacionados com a colecção Uma Aventura, o que fez com que os deputados começassem logo a disparar que aquela seria a última sessão de Isabel Alçada (a tal que tirou um curso de 3 meses nos Estados Unidos, e que agora lhe chamam de mestre). Desses diplomas ninguém sabe o seu conteúdo.
Ninguém? Nem por isso. Na última reunião entre os presidentes de conselhos executivos dos Açores e a Secretaria Regional da Educação, foram debatidos e apresentados vários assuntos, entre os quais esses tais diplomas sobre a colecção Uma Aventura.
Hoje na sala dos professores, durante um dos intervalos, fomos ouvindo da boca do nosso presidente as incrédulas palavras.
Ficou aprovado então que a colecção Uma Aventura vai passar ser de leitura obrigatória no 1º ciclo, e que alguns números serão traduzidos para inglês, os quais serão também trabalhados no 4º ano de escolaridade. Uma vez que há alunos que vêm tendo aulas de inglês desde o jardim de infância nos Açores, ao chegar ao 4º ano serão capazes de conseguir ler um livro de histórias infantil em inglês.
Como consequência, o Ministério da Educação propôs que o Inglês passasse a ser considerado a segunda língua oficial de Portugal, ao que a Assembleia da República votou a favor. Neste sentido, a partir do ano lectivo 2012-2013 a colecção Uma Aventura passará a ser lida em português e inglês no primeiro ciclo, e está prevista a entrada em vigor do inglês como segunda língua oficial de Portugal em 2015.
Por mim, até acho muito bem. Uma vez que o acordo ortográfico tira prazer na leitura da língua portuguesa, e eu até deixei de assinar a revista Blitz, sendo que agora pago 4 vezes mais para receber a Uncut e a NME, ler inglês torna-se muito mais agradável do que propriamente o português segundo a nova grafia. Ler e escrever inglês vai deixar de ser apenas um prazer por uma língua graficamente dinâmica (refiro-me nomeadamente às maiúsculas que se perdem no inglês ou às vogais não lidas, mas que influenciam a sonoridade).
Resta-nos saber é se quando quisermos falar do governo demissionário, se estamos autorizados a chamar-lhes retarded idiots.

terça-feira, março 22, 2011

Sobre a Presidência da República (actual e futuras)

A sério, por que razão precisamos dele?
Não veta diplomas à primeira, para não atrasar a sua aprovação, pois à segunda tem de os aceitar. Não se diz político, mas não o conhecemos a não ser empoleirado numa cadeira de São Bento ou Belém. E agora diz que não comenta a actualidade nacional, para não criar ruído.
Para além da pessoa em causa, está o cargo. Para que precisamos deste gajo?
As minhas suspeitas começam a confirmar-se, e a tomarem novos rumos. É que se há uns tempos comecei a defender o fim do cargo de presidente da república, agora começo a duvidar seriamente de todo o sistema político português.

O Cowboy Cantor cantou com o Valdjiu dos Blasted Mechanism na 115ª emissão.

sexta-feira, março 04, 2011

Com Muito Gosto

O que vos vou contar funcionou melhor do que qualquer malassada acabadinha de sair da frigideira da Dona Natália Faria, e foi como que um "Bom Carnaval" a começar o dia.
Acordei um pouco mais tarde hoje, e não me preocupei muito com o cabelo. Foi mesmo como estava. A barba foi cortada pela última vez há uma semana, precisamente.
Entro na escola de primeiro ciclo de Santa Bárbara da Ribeira Grande, e vejo toda a gente com trajes de fantasia. Ele há princesas, Barbies, pescadores, polícias, ninjas, bombeiros, tartarugas, joaninhas e abelhas. Diz-me um dos meus artistas do 3º ano (sim, porque todos os meus alunos são artistas, e dos grandes):

- O senhor... O senhor parece um professor de música.


O Cowboy Cantor continua a cantar em www.cowboycantor.com
O Rapaz do Cavaquinho continua a tocar, mas está à procura de nova casa e de legalização.

quarta-feira, fevereiro 02, 2011

25 Anos Depois: Onde Pára o Vitinho?


Vitinho, por onde andas? Naquele tempo ensinavas-nos a sonhar, a sermos alegres, bem-dispostos. Por andas? Hoje, já não sabemos o que é sonhar. Nem sequer sabemos ser bem-dispostos.
Por andas, rapaz?

quarta-feira, janeiro 26, 2011

Quero Mijar


A propósito dos Santos, Silvas, engenheiros de Domingo à tarde, Silvinos e Cruzes que andam por aí: quero mijar.

segunda-feira, janeiro 24, 2011

Sobre o Meu Umbigo e a República Portuguesa

Desta vez não votei em branco, nem anulei o meu voto. Mas não votei no candidato escolhido porque passei um mês a acordar com s.m.s. a convidar-me para participar em manifestações, cortejos, jantares, festas e comícios. Não votei nessa pessoa porque um dia me lembrei de dizer que era de uma certa ideologia política, o que não me faz ser de um partido. Votei porque este país é um país dos coitadinhos, dos poucochinhos, dos mais ou menos já é bom, dos vendidos e oferecidos. Um país dos pára-quedas. E eu não quero fazer parte destes.
Não me refiro propriamente ao eleito presidente da república. Refiro-me sim a todos os outros coitadinhos, poucochinhos, mais ou menos é bom, vendidos e oferecidos. São estes que andam a desacreditar todo o sistema. Não venham com histórias de que os portugueses não têm a consciência ao não quererem votar. Para mim está claro: a república não serve para nada se continuarmos a vender as nossas ideias, valores e ideologias ao chefe.
E não, não acredito que temos o que merecíamos. Se alguém acha que tem o que merece, então muitas felicidades. Eu acredito que merecia melhor. Eu merecia ligar a rádio, e ouvir vencidos e vencedores discursarem sem vaidades, com humildade. Sem darem numa de líder omnipotente. Eu merecia que me explicassem que um presidente da república é eleito acima de qualquer religião, cor ou partido. Eu não merecia ouvir líderes partidários falar em vitórias do partido, e derrotas do regime oposto. Eu merecia que os que estão para lá da esquerda, até aos que estão para lá da direita fossem acima de tudo pessoas honestas.
Eu merecia que a classe política portuguesa fosse um conjunto de pessoas que, com ou sem formação, tenham sido pedreiros, camionistas, médicos, professores. Eu não merecia que a classe política portuguesa fosse um conjunto de pais, filhos, amigos, afilhados e enteados. Eu não mereço que a classe política portuguesa seja um conjunto de desenrascados. Eu mereço melhor.
E digo eu, porque cada vez mais preocupo-me com o meu umbigo, e tudo o que estiver à frente dele é de relativa importância.

quinta-feira, janeiro 06, 2011

100 vezes mais pelos Açores

É verdade que às vezes enganava-me na resolução de alguns problemas, equações e enigmas nas aulas de Matemática. No entanto, em caso de dúvida, socorria-me de duas regras elementares e simples da matemática: se multiplicarmos qualquer número por 0, o resultado é sempre 0. Por outro lado, mais por menos, dá menos.
Sendo economista, o presidente da república Portuguesa, raramente se enganará em matemática, e de certeza que nunca terá dúvidas nesta área. Mas, será que as contas dele eram estas?

quarta-feira, janeiro 05, 2011

Cowboy Cantor: 5 anos de podcasts nos Açores

Foi em Janeiro de 2006, no seu Quarto Estúdio, instalado na Maia, São Miguel, que se fez ouvir pela primeira vez. A solidão, não necessariamente deprimente, torna-se mais do que um hábito, uma obrigação auto-incutida. Obriga-se a si mesmo todos os dias a abster-se dos grande meios de divulgação de música, para descobrir paragens diferentes. Ambientes pouco comuns. Mas sobretudo, a viajem faz-se através de sons desconhecidos. Por vezes provocantes, outras vezes demasiado invulgares para existirem só nas suas memórias.


A aventura, que começou como uma necessidade de fugir aos lugares banais da música, rapidamente tornou-se num compromisso para com quem se habituou todas as semanas a sentir a mesma necessidade. O imperativo é o romper barreiras, soltar as amarras incutidas por estilos e sonoridades demasiado gastas.


Chama-se Cowboy Cantor, e no dia 6 de Janeiro faz 5 anos. Será lançada à meia-noite uma emissão especial dedicada aos 5 anos a ouvir e partilhar música independente de forma legal e gratuita, deste que foi o primeiro podcast açoriano.


Para ouvir em www.cowboycantor.com

segunda-feira, janeiro 03, 2011

Que Se Passa com o Prémio José Afonso?

Estou a 3 dias do 5º aniversário do Cowboy Cantor, aquele foi o primeiro podcast dos Açores, actualmente, e segundo o que sei, novamente o único no que diz respeito a produção independente de podcasts. O programa passou por várias fases, nomes e até mesmo alojamentos. No entanto nunca perdi a principal razão do programa: mostrar um outro lado da música que não passa para públicos de massa, sem perder a referência qualitativa.
Começo 2011 com esta notícia verdadeiramente intrigante e reveladora do apoio que os artistas portugueses têm em Portugal por parte de alguns governantes.
Desde de concertos que são cancelados por mensagem de telemóvel no próprio dia do espectáculo, a promessas e pagamentos que nunca se concretizam. É verdade também que há muito boa gente que recebe apoios governamentais para desenvolverem os seus projectos musicais, mas de projectos não passam, e nunca se chegam a ver a concretização e os resultados. Por outro lado há uma Sociedade Portuguesa de Autores que obriga as empresas organizadores de espectáculos não só a pagarem a licença de uma actuação pública musical, como também os direitos de autor de apresentação das peças musicais realizadas pelos próprios autores, compositores ou intérpretes originais da composição.
Desta vez, nem sequer um nome consta da lista de álbuns para o prémio José Afonso de 2010, nem de anos anteriores.
Tal como Álvaro José Pereira, não posso ficar indiferente a esta situação. Não apoio a música portuguesa porque é portuguesa. Apoio a boa música portuguesa, seja de metal mais escuro, seja do popular mais festivo. Para mim não existem quotas de música portuguesa na rádio. Existe sim música de qualidade e valorizadora não só para a estação que a passa, como para o ouvinte ou comprador. Apoio a produção qualitativa, não a quantidade. Por isso se ouve muita gente a prometer o que ainda não foi feito, mas acaba por soar ao mesmo de sempre (poderia pôr em itálico estas expressões, ou entre aspas, referindo-me directamente a um título de uma canção e no segundo caso ao título de um álbum).
Apoie-se ou não a produção nacional, respeite-se acima de tudo quem está interessado em produzir cultura portuguesa de qualidade.
A propósito do Prémio José Afonso, recomendo a leitura do texto escrito por Álvaro José Pereira publicado no blog A Nossa Rádio
Não houve em 2010 um único álbum de música portuguesa que merecesse o prémio? Rui Dinis e a sua Trompa dão uma ajuda.