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terça-feira, maio 29, 2012

Assistente Operacional

Não haja ilusões, este artigo é sobre contínuas. E digo contínuas, porque quando há nas escolas contínuos, estes normalmente ocupam lugares de grande importância, como a da chefia de pessoal não docente, porteiro ou até guarda-chaves. Podem também ser aquelas pessoas que estão sentadas na sala dos contínuos à espera que alguém apareça e diga:
- O senhor contínuo pode vir ajudar-nos a acartar as mesas?
Bom, contínuas. Esta figura sempre presente na escola, e que por isto mesmo decidiu-se passar a chamar de auxiliar de educação, como se numa escola só acontecesse educação.
Agora, aliás, no início do ano lectivo passado, fomos informados que passariam a chamar-se assistente operacional. E porquê? Nunca consegui perceber, tal como não consigo perceber muitas outras coisas, que até o próprio Presidente da República também não percebe, mas este tem muito queijo de 2 quilos de São Jorge para comer, para um dia poder perceber que ainda existe, e só depois perceber o que é isto de república, Portugal, cidadão ou honestidade.
Hoje disseram-me que chamam-se assistentes operacionais, porque pretende-se que sejam pau para toda a obra. Estou a citar, mas a expressão é popular, e há uma coisa que se chama figura de estilo. E dentro das figuras de estilo existem a metáforas. E cabe à astúcia do escritor usar as figuras de estilo de forma minimamente responsável, para que o leitor perceba que a expressão não é literal. Quando há necessidade de recorrer às aspas para as figuras de estilo, sinto-me mais ou menos como um angolano quando confrontado com o acordo ortográfico como forma de facilitar a comunicação com o Brasil: mas vocês estão a chamar-me de burro? Não acham que eu percebo?
Pois então, este pau para toda a obra serve para decidir se um professor está ou não atrasado, e marcar-lhe a respectiva falta no caso de se decidir pelo atraso. Entrar numa sala de aulas sem bater à porta para entregar pedidos de substituição, mas antes de entregar o documento, diz em alto e bom som que substituição é, porque teve a amabilidade de ler todo o papelinho antes de o entregar. Poderá também a senhora operacional decidir se a reunião deve ou não prolongar-se, porque quer fazer as limpezas à sala e ir-se embora, porque não é paga para fazer horas extraordinárias. É mais ou menos isto o pau para toda a obra, não é?
É este o pau para toda a obra, que é ser tudo, menos o que lhe inerente à profissão: ser contínua.
Não são nem auxiliares de educação, porque eu fui preparado para educar sem necessitar de auxílio, nem são também assistentes operacionais, porque nem eu preciso de assistentes, nem muito menos sou um técnico que opera de acordo com um determinado pressuposto, e age de forma automática, porque sei de cor todas as regras, contra-regras e estratégias a aplicar perante uma situação.

2 comentários:

Anónimo disse...

Pois, não sei se percebi e talvez ajudasse se mostrada a identificação do alvo.Coisa de somenos apesar de tudo porque sou Jubilado e cpoisas menores passam-me ao lado.
Diria até que sou irritado com o sistema "inteligente" que me obriga a demonstrar que não sou um robô(t). Chiça!

Rodrigo de Sá disse...

Eu também queria passar ao lado de certas coisas, mas não consigo quando elas se me esbarram pelo caminho.
Não sou irritado, sou mesmo repulsivo para com este sistema inteligente.