Não ouvi nem li Miguel Sousa Tavares dizer que os
professores eram os inúteis mais bem pagos de Portugal. Não comentei quando me
referiram tal facto, pela simples razão de que a ser verdade, poderá ter
surgido num contexto específico que lhe conferisse alguma razão. A verdade
é que entrar na sala de professores e ouvir "Contacto ainda leva o
C?" e ouvir como resposta "Como é que dizes? Contakto? Então não leva
o C". Ou ainda, "Eu não gosto nada disto. Fica mesmo feio. Óptimo sem
o p, ou os meses do ano", mas ainda assim não conseguir arranjar quem me
assine as cópias do formulário da ILC, associadas estas a outras tantas
situações entre professores que comem o AO como se nada fosse com eles, fico
com a certeza de que Miguel Sousa Tavares, ao eventualmente ter dito que os
professores são os inúteis mais bem pagos do país, terá tido a sua razão. E
refiro também a vez que em vergonha expliquei a uma professora de Língua
Portuguesa que os dias da semana não perdem o hífen.
Vive-se nas escolas em função dos sindicalismo, o carreirismo e a obediência, mesmo que isto implique a submissão, a vergonha ou a vandalização dos princípios morais e intelectuais de cada docente.
Há documentos oficiais desde o início do ano lectivo 2011/2012 redigidos, assinados e entregues por mim que obviamente não foram escritos ao abrigo de tais regras, nem tive a mínima paciência para contornar o acordo ortográfico, e mantendo o sentido usar uma grafia que não chocasse com o dito. Até hoje vieram-me pedir explicações?
Dizem-me, "ó Rodrigo tens razão no que dizes. Mas o que queres que eu faça? Eles é que querem assim."
Eu fico sem saber quem são eles, porque não tenho coragem para ouvir a resposta. A inércia tem-se revelado a maior fraqueza dos professores em Portugal. Somos os inúteis mais bem pagos do país? Não sendo para isto que aqui estamos, foi nisto que nos tornámos: de todos os inúteis deste país, somos os mais bem pagos. O que não quer dizer em termos absolutos que 1100 euros mensais ao fim de 10 anos de docência é ser bem pago, tendo em conta todo o resto inerente à actividade docente. Mas perdemos o respeito por nós próprios em nome de uma carreira, mesmo que ela não seja eficaz ou honrada.
(a Iniciativa Legislativa de Cidadãos contra o Acordo Ortográfico não é uma petição, é uma iniciativa com objectivos legislativos e pode ser subscrita em http://ilcao.cedilha.net/)
Vive-se nas escolas em função dos sindicalismo, o carreirismo e a obediência, mesmo que isto implique a submissão, a vergonha ou a vandalização dos princípios morais e intelectuais de cada docente.
Há documentos oficiais desde o início do ano lectivo 2011/2012 redigidos, assinados e entregues por mim que obviamente não foram escritos ao abrigo de tais regras, nem tive a mínima paciência para contornar o acordo ortográfico, e mantendo o sentido usar uma grafia que não chocasse com o dito. Até hoje vieram-me pedir explicações?
Dizem-me, "ó Rodrigo tens razão no que dizes. Mas o que queres que eu faça? Eles é que querem assim."
Eu fico sem saber quem são eles, porque não tenho coragem para ouvir a resposta. A inércia tem-se revelado a maior fraqueza dos professores em Portugal. Somos os inúteis mais bem pagos do país? Não sendo para isto que aqui estamos, foi nisto que nos tornámos: de todos os inúteis deste país, somos os mais bem pagos. O que não quer dizer em termos absolutos que 1100 euros mensais ao fim de 10 anos de docência é ser bem pago, tendo em conta todo o resto inerente à actividade docente. Mas perdemos o respeito por nós próprios em nome de uma carreira, mesmo que ela não seja eficaz ou honrada.
(a Iniciativa Legislativa de Cidadãos contra o Acordo Ortográfico não é uma petição, é uma iniciativa com objectivos legislativos e pode ser subscrita em http://ilcao.cedilha.net/)