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A Minha Rádio Podcast: Cowboy Cantor

quarta-feira, dezembro 22, 2004

Noite de Surpresas

Ontem houve uma festa surpresa no Sentado em Pé do meu aniversário. Tão surpresa que nem sabia que fazia anos ontem. Foi bom chegar uma hora atrasado, mas mesmo assim ser recebido com sorrisos, abraços e beijos por parte de quem já lá estava. Amigos, bons amigos. Foi bom revê-los. Alguns mais do que amigos, bons camaradas. Copo, puxa copo. Um pouco de queijo, mais um pouco de vinho. O bife. Uma conversa para esquerda, outra para a direita. Ainda outra para o lado oposto da mesa, e lá se fez o jantar que era suposto ser de Natal, mas que de repente se tornou em jantar de aniversário. E pronto, lá se começou a dizer que eu fazia anos, e fizeram-me mesmo um jantar de aniversário. O meu nome foi anunciado, e toda a gente ficou a saber que estávamos ali para comemorar o meu aniversário. Uma canção para aqui, outra para ali, e lá começou o karaoke. De repente: "Vamos celebrar o aniversário do Rodrigo. Rodrigo vem cá acima por favor, para cantares esta canção muito bonita. Não é bonita, mas pronto. Vem cantar". Ora, se não é bonita, porque é que o homem disse que era? E mais, se não era bonita, porque é que eu teria de cantá-la?
Acima de tudo sou um homem fiel aos meus princípios musicais. Até acho piada cantar num karaoke. Mas por opção. Nunca obrigado. E ainda por cima uma canção que não é bonita. Santa paciência. O "Mestre de Culinária"? Só se eu estivesse doido. Mesmo doido. Nem com copos a mais. Só mesmo se eu tivesse enlouquecido. É claro que nem disse uma palavra. Andei com microfone de um lado para outro para que outras pessoas cantassem. Fiquei chateado? Um pouco. Mas não. Nunca. Nem pensar. No máximo cantaria Backstreet Boys, ou Bee Gees, ou até mesmo Iris. Mas Quim Barreiros? Fogo, tenham dó da minha saúde mental.
É verdade, como era o jantar para comemorar o meu aniversário, não paguei.

segunda-feira, dezembro 20, 2004

Expoentes culturais

Ontem tive um dia musicalmente eclético. Saí de casa para ir ver o lançamento do novo álbum dos Belaurora, e depois fui ver um concerto com o Rodolfo Vieira. Os primeiros dispensam poucas apresentações. São o melhor grupo de divulgação de canções e sonoridades regionais. É folclrore, pois é. E depois? É a nossa cultura tocada ao melhor nível. Quanto ao Rodolfo Vieira, é um rapaz da Ribeira Grande que tem 22 anos, acho eu, que está há já alguns anos a estudar violino em Lisboa. Este é outro expoente máximo da música açoriana. Já ouviram aqueles discos de música erudita em que o violinista parece perfeito? A dirença é que o Rodolfo é mesmo perfeito naquilo que faz com o violino.

sexta-feira, dezembro 17, 2004

Em Portugal fala-se português?

Quem convive comigo no meu dia-a-dia, sabe que eu evito usar ao máximo palavras estrangeiras, quando temos outras em português que têm a mesma função. Faço isto, não por não saber falar outras línguas, que não o português, mas sim, precisamente pelo contrário, por conhecer bem a língua que afinal é a oficial do país em que vivemos.
O meu medo não é que as pessoas não saibam falar outras línguas. O meu medo é que as pessoas não percebam, conheçam ou utilizam a nossa própria língua da forma mais correcta.
Ainda hoje, estava a configurar o telemóvel novo de uma prima minha, quando lhe pedi que digitasse o código. Ela olhou para mim, e perguntou: "O que é o código?" Respondi: "O código do telemóvel". Ela olhou para mim, e perguntou, a medo: "O PIN?".
Pois, exactamente, o "pin".
Um dia, estava com outra prima minha, e estava a configurar o seu correio electrónico. Pedi-lhe a senha dela. Ela olhou para mim, em pánico: "Senha? Não tenho senha." Então perguntei-lhe pela palavra-passe: "Também não tenho". Depois de alguns segundos, lá consigui arrancar-lhe a senha, que ela chama de "password": "Ah, não sabia que também se dizia senha".
Ainda, mas agora um primo, neste Verão, estava a escrever o endereço electrónico deste meu primo, quando ele me diz: "Underscore". Olhei para ele: "Traço de sublinhado?" Ele respondeu: "Deve ser isto. Sabes, isto chama-se underscore." Não será mais: Isto é um traço de sublinhado, mas quem não sabe que é diz "underscore"?
Já agora: Sabem o que é um sítio? Lugar, local, localidade, povoação, cerco ou assédio, conforme o dicionário de Português da Porto Editora. Mas sítio, também é aquilo a que a maioria das pessoas chama de "site". Continuo a preferir ouvir "sítio".

terça-feira, dezembro 14, 2004

Já que está a chegar, mais uma sobre o Natal

Gostava de saber qual o direito que uma mãe de um aluno tem, um só, em 20, de me obrigar a mudar uma letra de uma canção de Natal, só porque o filho não é Cristão.
Então eu pergunto: Minha senhora, o seu filho comemora o Natal?
- Sim.
- Minha senhora, o seu filho sabe o que é o Natal?
Ela responde: Sim.
- Minha senhora, o seu filho sabe que o Natal é a comemoração do Nascimento de Jesus?
Ela responde: Sim, mas não acredita.
A letra já não é "Já nasceu o Deus Menino, para nosso bem". Já não é "Paz na Terra". Já não é "Vamos à capela". Agora fala em Pai Natal, em barbas branquinhas, em prendinhas, em luzinhas que brilham.
Mas fiz questão de uma coisa, toda a gente naquela turma teve que me dizer, e todos disseram, que o Natal era o "aniversário de Jesus" (e foi mesmo este o termo usado por todos).

domingo, dezembro 05, 2004

Jurar

Estas são as palavras que quero dizer-te. Os seus siginificados são simples e não tenho medo de dizer que são puros porque são puros mesmo. Chama-me para junto de ti. Mostra-me estas palavras que escrevi hoje e pede-me para te passar os dedos pelas faces com o mesmo carinho e com a mesma ternura com que hoje toquei os teus contornos de menino. Tenho a certeza que não terei esquecido. Por mais que acontença entre nós e este dia, por mais mortes e terramotos, tenho a certeza que não terei esquecido. E obriga-me a jurar que nunca deixaremos crescer entre nós um pudor que impeça de nos abraçarmos, de nos beijarmos, de passarmos os dedos pelas faces um do outro. Pai e filho. Eu sou o teu pai. Tu és o meu filho.

José Luís Peixoto in Pai e Filho, Jornal de Letras, número 890, 10 de Novembrode 2004

sexta-feira, dezembro 03, 2004

Gramaticalidades

Acbei de vir do meu primeiro plenário do sindicato dos professores. Embora não sendo ainda sindicalizado, fui lá. Talvez para me convencer a respeito desta questão: Devo ou não sindicalizar-me? Mas o que me faz escrever este texto não é isto. Lembrei-me a meio do plenário de uma história muito engraçada a respeito da formação das pessoas de hoje em dia.
Uma vez estava numa festa de aniversário. Havia pessoas de todas as idades e com todo o tipo de habilitações académicas. Estávamos a ver o Telejornal, quando apareceu uma reportagem em que o jornalista fartou-se de dizer asneiras gramaticais. Começámos então a comentar que não era só na televisão que se ouvia asneiras. Na rádio também se ouve cada uma. E nos jornais? O caso aqui também não melhora. Às tantas alguém pergunta: "Mas estes jornalistas de hoje não têm de ter o 12º ano para se formarem?" A esta pergunta ouve-se uma resposta de um senhor já reformado, mas que não tem mais do que a escolaridade obrigatória: " O 12º ano eles têm, não têm é a 4ª classe!".
Realmente, tanta falta que fazia a muito boa gente que vemos, ouvimos ou lemos todos os dias, voltar à 4ª classe e fazer uns exercícios gramaticais.

quinta-feira, dezembro 02, 2004

Origens

Danialice porque é de onde venho. Não sei para onde vou, mas sei de onde venho: Danialice. As origens. A gênese, a verdade das coisas, o meu espólio: Danialice. Para onde vou? Por onde irei? Com quem? Não sei, mas tudo passará por Danialice.
Danialice porque João Luís Medeiros acha que é assim que se deve dizer. Danialice porque o meu pai é Daniel e a minha mãe é Alice.