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quarta-feira, abril 20, 2005

Reflexos da Língua Portuguesa Actual

“Carlos e Camila casaram”, “Marques Mendes reuniu com Carmona Rodrigues”, “Fiéis ajoelharam na praça”.
O correcto uso da língua portuguesa há muito que caiu em desuso. Todas estas expressões estão erradas.
No meu tempo de estudante do secundário, e que não foi assim há tanto tempo, há uns 10 anos, se eu fizesse um erro destes, era suficiente para receber uma reprimenda da minha professora.
Mas afinal o que está errado nestas expressões? Se estão a pensar nesta pergunta, então vocês também chumbariam em Português. Se não estão a pensar nesta pergunta, das duas uma: Ou vocês também não se importam com o correcto uso da língua portuguesa, ou vocês sabem que casar, reunir e ajoelhar, como tantos outros verbos, são verbos reflexos.
Quando se diz “Carlos e Camila casaram”, falta aqui o “se”. Quando “Marques Mendes reuniu com Carmona Rodrigues” falta aqui o “se”, a não ser que “Marques Mendes reuniu com Carmona Rodrigues os vereadores da Câmara de Lisboa”. “Fiéis ajoelharam na praça”, claro que falta aqui um “se”: “Fiéis ajoelharam-se na praça”.
Também já me anda a irritar a mania que as pessoas têm de usar o verbo colocar para tudo: “Vou colocar a dúvida”, “Colocou-se em fuga”, “Colocou para a área”. Esta última é uma maravilha. Não se pode colocar uma coisa para. Ou se coloca na, ou em, ou então, passa-se para.
A última colocação que ouvi também me deixou com um sorriso de nervos na cara:
- O segundo golo do Vitória colocou o público em delírio.
Se delírio for um lugar, então o público foi transferido para um lugar chamado delírio.
Se delírio for um estado de espírito, então o Paulo Catarro poderia ter dito que este maravilhoso golo teria provocado o delírio nos adeptos.

13 comentários:

RD disse...

Caro Rodrigo,
Acho muitíssimo bem que te dês a este trabalho. A sério. Gosto imenso da nossa língua portuguesa e tenho muita pena que esta esteja a ser violentada como está. Se és assim com os teus alunos estás no bom caminho. Prima por isso.
Nunca é demais.
Beijinhos!

V. disse...

A língua portuguesa está a perder nesse aspecto...
Obrigada Rodrigo por colocares este "post". É, realmente, importante que estas situações sejam revistas.
Não é nenhuma vergonha errar. Vergonha é errar sabendo que se está a errar.
Também não é vergonha ser-se corrigido. Vergonha é não querer ser alvo de correcção, porque temos vergonha...
Se és professor, continua assim...
É a nossa língua que está em jogo!

V. disse...

Irrita-me quando há professores que, por serem professores de Matemática (por exemplo), dão erros e não corrigem os erros ortográficos dos alunos nos testes, porque não é um teste de Português.
Num teste de Ciências, Geografia, História, etc, o aluno tem de utilizar a língua portuguesa para expressar os seus conhecimentos. Não é questão de estar a avaliar apenas o conhecimento do aluno, mas sim de ser correcto com a nossa própria língua. O Português é utilizado para quase todos os testes, por isso deve ser corrigido... Pode até não contar para a percentagem final do teste, mas um professor tem o dever de corrigir para que esse mesmo aluno não cometa o mesmo erro outra vez. E porque não chamá-lo a atenção desse mesmo erro? Seria um óptimo princípio...
Tu, como professor de música, também tens esse dever, e pelo que vejo, consegues fazê-lo... Boa Rodrigo ;)

V. disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Carlos Estrela disse...

Pois é companheiro. Se a nossa professora Fabíola visse esses deslizes...ai meu Deus. A propósito, esta semana li um documento importante assinado por um determinado engenheiro civil que me provocou a maior indignação. Além de estar impregnado de erros inadmissíveis para um licenciado, existem parágrafos de interpretação impraticável. Apenas posso dizer que está ao serviço de um projecto milionário. Abraço.

frosado disse...

Muito bem, vizinho. Vou ver senão cometo erros desses!

Nuno Barata disse...

Eu sou um caso perdido no uso do Português. Faço um esforço, mas quase inglório. Penso que no caso dos verbos reflexos não infrinjo as regras.

Rodrigo de Sá disse...

Acho muito bem que estajam preocupados em manter um português saudável. Agrada-me que também fiquem chateados com os erros de português dos outros, e com o vossos próprios erros.
Temos de ter em mente uma coisa, antes de sermos advogados, professores, sociólogos, engenheiros, ou seja lá o que for, somos portugueses. Se não usarmos de forma correcta a nossa língua, não vejo quem o fará.

Rodrigo de Sá disse...

Oh pessoal (entenda-se, Oh Maresia), que tal, e uma vez que estamos a falar do uso correcto do português, mudar a palavra "post" para texto, ou mensagem, ou comentário, ou reflexão? ;)

Rodrigo de Sá disse...

É verdade, Carlos, que saudades tenho das nossas aulas com a Professora Fabíola.

V. disse...

Foguetabraze, se achas que és um caso perdido no uso do Português, sempre podes pedir a alguém da tua confiança para rever os teus textos... Se bem que não os ache assim tão ruins ortograficamente ;)

Rodrigo, tens toda a razão... Mas penso que o termo mais indicado é mesmo "post", considerando que é um estrangeirismo, ou até "mensagem/reflexão"... O Português é tão flexível que aceita estrangeirismos e regionalismos sem franzir o nariz ;) Por isso acho que estou perdoada...

Rodrigo de Sá disse...

O Português aceita estrangeirismos, mas eu não gosto. É só por isto. Mas não te posso impedir de os usares, até porque não é um erro gramatical.

Anónimo disse...

Tratam-se de omissões que cumprem uma função de imediatismo nas parangonas dos pasquins - Pena é toda a influência, o mimetismo que acarreta...

Edgardo