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A Minha Rádio Podcast: Cowboy Cantor

quarta-feira, junho 15, 2005

Momentos de Camarada

Vinha a caminho de casa, depois de mais um cansativo dia de aulas, e como sempre, estava a ouvir as notícias. Quer dizer, eu queria ouvir as notícias, mas estava a dar um especial sobre o funeral do Álvaro Cunhal.
Estava concentrado a ouvir a sua primeira entrevista depois de ter regressado a Portugal após a revolução. Dei por mim, e estava a cantar a “Grândola, Vila Morena”.
Lembrei-me, e nunca mais me esqueço, que um dia cruzei-me com o Álvaro Cunhal na Escola Superior de Educação de Setúbal, e perguntei-lhe:
-Acha que a minha liberdade acabará quando começar a sua?
Com um olhar de grande fraternidade, igualdade e amizade, respondeu-me (e nunca mais me esqueço):
- Serás sempre um homem livre, enquanto puderes pensar.
Até amanhã…

5 comentários:

Anónimo disse...

Caríssimo, sabes que sou leitor assíduo e até hoje não falhei nenhum texto, escrevendo-te apenas desta vez para te dizer que de todos os momentos de inspiração anteriores foi este o mais afortunado que tiveste. Simples e belo. Ou será também a emoção do momento que me deixa assim? Seja lá o que for ou quem te tenha inspirado, parabéns. Um abraço

Terceirense disse...

Eu não o conheço pessoalmente, nem tão pouco sei quem é, mas este artigo está magnífico e merece aplausos.
Certamente também não me conhece e o que saberá de mim é pelo que escrevo ao sabor das rajadas de vento que sopram amiúde na minha mente e da inspiração na visão de uma imagem ou qualquer texto cuja resposta ganha uma quadra, mesmo que falhem as métricas (tenho pena mas elas, as quadras, saem-me repentinas na hora e a revisão teria de ser com ajuda de especialistas). Desculpa esta resenha mas gosto da tua forma de escrever. Parabéns sinceros

Rodrigo de Sá disse...

(Esperem aí, uma resposta a estes comentários não merece ser ao som dos Despe & Siga... Ora deixa cá ver... Cá está: Any Anxious Colour (Gene Loves Jezabel).

É um prazer muito grande ter-te por aqui, amigo Sérgio. Sei que lês os meus artigos, e na realidade, às vezes não me dou ao trabalho de fazer a revisão, porque sei que alguém há-de me chamar a atenção. Como sabes não és o único, mas sei que és um deles.
De qualquer forma estava longe de imaginar que este fosse o texto que te fizesse escrever.
Não sei se foi emoção do momento, o facto é que quando ouvi a resposta do camarada (O Camarada), fiquei parado no meio do corredor a olhar para ele, sem perceber muito bem como continuar a conversa. Tenho este momento guardado na memória como um acontecimento marcante na minha vida. Muito pouca gente sabe o teor da conversa que tive com o Álvaro Cunhal. Estávamos os dois sozinhos no corredor a conversar.

(Agora estou a ouvir, A Gente Vai Continuar, do Jorge Palma)

Azoriana, é sempre uma honra receber um elogio de amigo, de um inimigo, de um conhecido, ou de um desconhecido. Dá-me uns pequenos arrepios saber que alguém que não me conhece pessoalmente de parte alguma, me elogia desta forma.

Agradeço aos dois os rasgados elogios, mas apenas sinto-me responsável pelo facto de não ser insensível, e portanto, não ser indiferente à presença do camarada (O Camarada) na E.S.E. de Setúbal. Os parabéns devem ser endereçados a cidadão exemplar que, mais do que por ideais políticos, lutou pela liberdade individual, mas principalmente pela liberdade de Portugal.

(Frágil, Jorge Palma)

Anónimo disse...

Independentemente das ideologias, faça-se justiça ao homem. Eu também acho que sim, que de forma geral, ele foi um homem firme.
Rodrigo, sem querer parecer repetitiva, também eu gostei de te ler.
Abraço.

Rodrigo de Sá disse...

Mais uma vez, obrigado. É bom saber que para além de sentirem o que escrevo, gostam.