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quarta-feira, fevereiro 01, 2012

A Violência contra o AO90

Desde Setembro que o sufoco é diário. O convívio dia após dia com esta nova grafia, documentos oficiais, comunicados internos, mesmo mensagens privadas de alguns colegas, à partida parecia-me algo que eu não iria ligar muito. Na verdade, não se trata de habituação. Trata-se mesmo de não gostar, de me arrepiar. E confesso: repulsa. A aplicação da nova grafia em documentos de estado, torna a Língua Portuguesa de Portugal indecente na sua forma escrita.
Há dias quase que uma colega minha sentiu-se envergonhada com a pergunta que me fez. A respeito das duplas grafias agora permitidas (passa pela cabeça tentar unificar, mas permitir a dupla grafia? Aliás, criar duplas grafias que não existiam), ela pergunta-me:
- Sek - tor? Onde aprendeste isto?
- Na escola primária, com o meu professor?
O ar de desprezo dela foi notório:
- Com o teu professor? E quem foi o teu professor?
- O meu pai.
Pior foi o outro colega que me diz:
- Mas olha que facto é sem C.
- Então como é que eu vou dizer o C de facto, se não o escrevo?
- Olha, não sei. Mas facto é sem C.
A luta contra o Acordo Ortográfico está a entrar em alguns exageros que fazem lembrar a forma como decorreu o processo das violações com os rapazes da Casa Pia. Sim, foram violações, não foram relações sexuais com menores. Foram violações, logo os culpados são violadores, e no entanto alguns deles aparecem com os dentes todos e bem branquinhos nas televisões a sorrir e a dar entrevistas sobre tudo menos uma coisa. Durante o processo, foram usados todos os nomes de figuras públicas que se lembraram, o que a certa altura descredibilizou todo o processo.
Mas voltando aos argumentos contra o Acordo Ortográfico, há pessoas que estão a usar todos os argumentos que se lembram contra o acordo. E muitos tomam-no como uma ideologia política, logo tornam numa luta política aquilo que de facto até é de carácter político, pois por mais do que uma vez que alguns políticos já afirmaram que se trata de um acordo político, mas na verdade, este pacto tem profundas implicações é na tradição, cultura e dia-a-dia das pessoas alheias à Assembleia e aos seus míseros ordenados de mais 2500 euros, que em alguns casos nem dá para as despesas.
O presidente do Governo Regional da Madeira insurgiu-se contra o acordo, chamando a esquerda portuguesa de folclórica. Os deputados do PSD Açores pedem a revogação, explicando que se trata de uma herança socratiana. Logo, toca a abolir.
Lá bem longe está a minha defesa de uma ou de outra ideia. Na verdade o acordo ortográfico foi trazido novamente à baila pelo Governo relâmpago de Santana Lopes, e foi concretizado no tempo de José Sócrates. Mas nada tem a ver com ideologias políticas. Tem a ver com interesses políticos e uma luta popular. E o papel dos políticos é defender os interesses da população. Se assim, for, então acho muito bem que qualquer bancada partidária, seja de que assembleia, se insurja contra o acordo, tendo em conta as reacções violentas da população em geral.
Acusaram-me de ser violento contra o acordo. Não me importo. Chamem o que me chamarem. A verdade é que aquilo que a RTP, a SIC, o grupo Impresa, muitos outros órgãos de comunicação social, mas sobretudo as directrizes para a aplicação do acordo nas escolas é por si só uma violência.